Os dragões fizeram uma época fenomenal e que só tem comparação com a longínqua temporada de 1987/88, quando, ao comando de Tomislav Ivic, também conquistaram quatro títulos. De facto, durante esta época de 2010/11, os azuis-e-brancos venceram o Campeonato Nacional, Liga Europa, Taça de Portugal e Supertaça, apenas ficando de parte a Taça da Liga, competição que, valha a verdade, os portistas nunca deram grande importância desde a sua génese.
Neste percurso, vários jogadores se destacaram, falando-se incessantemente dos elementos Hulk e Falcao, como os principais obreiros dos títulos. Contudo, esquece-se muitas vezes de um internacional português que chegou ao FC Porto vindo do Sporting, onde foi apelidado de "Maçã Podre" e rapidamente granjeou a fama de "Persona non grata".
João Moutinho, que, antes de se sequer sonhar que pudesse ir para os dragões, foi considerado por Pinto da Costa um "jogador à FC Porto", pegou rapidamente de estaca na equipa azul-e-branca, ganhando um lugar no onze dos dragões, principalmente a jogar na posição oito, uma posição onde, por princípios tácticos, teve poucas ou nenhumas oportunidades de experimentar em Alvalade.
Agora, após ter realizado 53 jogos pelo FC Porto quase sempre com uma qualidade elevadíssima e após ter conquistado quatro títulos (tantos quantos venceu em seis anos nos leões) pelos dragões, João Moutinho conseguiu desprender-se do conceito de "Maçã Podre", começando, rapidamente, a dar razão a quem, um dia, o considerou um "jogador à FC Porto."
Neste percurso, vários jogadores se destacaram, falando-se incessantemente dos elementos Hulk e Falcao, como os principais obreiros dos títulos. Contudo, esquece-se muitas vezes de um internacional português que chegou ao FC Porto vindo do Sporting, onde foi apelidado de "Maçã Podre" e rapidamente granjeou a fama de "Persona non grata".
João Moutinho, que, antes de se sequer sonhar que pudesse ir para os dragões, foi considerado por Pinto da Costa um "jogador à FC Porto", pegou rapidamente de estaca na equipa azul-e-branca, ganhando um lugar no onze dos dragões, principalmente a jogar na posição oito, uma posição onde, por princípios tácticos, teve poucas ou nenhumas oportunidades de experimentar em Alvalade.
Agora, após ter realizado 53 jogos pelo FC Porto quase sempre com uma qualidade elevadíssima e após ter conquistado quatro títulos (tantos quantos venceu em seis anos nos leões) pelos dragões, João Moutinho conseguiu desprender-se do conceito de "Maçã Podre", começando, rapidamente, a dar razão a quem, um dia, o considerou um "jogador à FC Porto."
Semana negra negou-lhe dois títulos na época de estreia
João Filipe Iria Santos Moutinho nasceu a 8 de Setembro de 1986 em Portimão, tendo começado a sua carreira futebolística nas camadas jovens do Portimonense. Após ter dado nas vistas no clube algarvio, acabou por transferir-se para o Sporting na época 2000/01, iniciando aí um percurso de dez anos ao serviço dos leões.
Após ter se estreado no futebol sénior na temporada 2003/04, ao serviço da equipa B do Sporting (30 jogos, 1 golo), João Moutinho haveria de receber o seu baptismo na equipa principal a 23 de Janeiro de 2005, numa vitória (3-0) em Barcelos, diante do Gil Vicente, em jogo do Campeonato Nacional.
Apesar de só se ter estreado a meio da temporada, João Moutinho ainda conseguiu ser peça fundamental nas boas campanhas dos leões no campeonato nacional (perdido na penúltima jornada com um golo de Luisão) e na Taça UEFA (perdida em pleno Estádio de Alvalade diante do CSKA Moscovo), tendo apenas ficado com o sabor amargo de ter perdido ambas as competições no curto espaço de uma semana.
Quatro títulos em cinco anos
Nas cinco temporadas seguintes ao serviço do Sporting, João Moutinho nunca mais estaria tão perto de conquistar um título europeu, tendo, ainda assim, estado perto de conquistar o campeonato nacional em 2006/07, quando os leões chegaram à última jornada, precisando de vencer o Belenenses e esperar um deslize do FC Porto, em casa, diante do Desportivo das Aves.
No entanto, se o Sporting cumpriu a sua parte (4-0 ao Belenenses), o FC Porto não permitiu que os verde-e-brancos festejassem, superando tranquilamente o Aves por 4-1. Assim sendo, o internacional português teve de se contentar com a conquista de duas taças de Portugal e duas supertaças ao longo desses cinco anos, com a curiosidade de três desses títulos (uma taça e duas supertaças) terem sido conquistados diante daquele que é agora o seu clube, o FC Porto.
Ao todo, João Moutinho efectuou 257 jogos ao serviço da equipa principal dos leões, tendo marcado 32 golos pelos verde-e-brancos e conseguido, a partir de 2007/08, o estatuto de capitão do Sporting. Como tal, foi com alguma surpresa que, no Verão de 2010, o internacional português acabou por se transferir para o FC Porto, com José Eduardo Bettencourt, na altura, a justificar a sua saída por entender que João Moutinho era uma "Maçã Podre" que minava o balneário leonino.
Adaptação imediata ao FC Porto e à posição "oito"
O internacional português rapidamente se integrou na estrutura dos azuis-e-brancos, tendo-se estreado pelo FC Porto logo diante do Benfica (2-0), em jogo da Supertaça. A partir desse momento, João Moutinho jogou quase todos os desafios dos azuis-e-brancos, apenas falhando alguns jogos por castigo, lesão ou poupança. No total, o ex-jogador do Sporting somou 53 partidas (2 golos) pelo FC Porto, tornando-se peça essencial dos dragões nas quatro conquistas da temporada.
Curiosamente, João Moutinho assumiu no FC Porto uma posição que nunca (ou raramente) fez no Sporting, ou seja, a posição "oito". De facto, os leões, no período em que João Moutinho esteve em Alvalade, jogaram quase sempre em 4x4x2 losango, com o actual jogador do FC Porto a actuar principalmente no vértice ofensivo ou a interior direito, ainda que também tenha efectuado alguns jogos a interior esquerdo e no vértice mais defensivo do losango.
No entanto, as características de João Moutinho fazem com que seja ali mesmo, com um trinco nas costas e um "dez" na sua frente, que o internacional português mais renda, pois é a posição ideal para explanar o seu futebol de inteligência posicional, excelente pulmão e fantástica capacidade nas transições defesa/ataque e ataque/defesa.
Na verdade, sempre faltou criatividade a João Moutinho para se assumir como um "dez" puro e capacidade física e de recuperação de bolas para ser um médio-defensivo, sendo que quando jogava descaído para uma das alas, dava sempre a ideia que não estava no melhor local para capitalizar todas as suas capacidades. Assim sendo, louve-se a capacidade de André Villas-Boas em colocar o internacional português no local onde, na verdade, ele mais rende.
Futuro risonho para um jogador de apenas 24 anos
Apesar de já parecer um veterano pelos anos que já leva de futebol profissional, não nos podemos esquecer que o actual jogador do FC Porto tem apenas 24 anos. Internacional português por 33 ocasiões, e já com mais de 300 jogos nas equipas principais do Sporting e FC Porto, o algarvio tem todas as condições para chegar a números impressionantes, pois, atendendo à posição onde joga, é previsível que se tudo correr normalmente e sem lesões graves, João Moutinho ainda tenha mais dez anos de futebol pela frente.
Assim sendo, prevê-se que João Moutinho ainda tenha margem para continuar a encher a sua carreira de sucessos colectivos e individuais, afastando-se cada vez mais da imagem de "Maçã Podre" que, em tempos, lhe tentaram colocar e aproximando-se cada vez mais do perfil do "jogador à FC Porto'', que é como diz Pinto da Costa, um jogador determinado, ambicioso e, acima de tudo, um vencedor.
Texto: Ricardo Figueiredo
Imagem: D.R.
Sem comentários:
Enviar um comentário